"Do luar daquela noite, indigestamente surgiu-me o fracasso de um poema."
(Derik Fonseca)
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
terça-feira, 21 de junho de 2011
Carnavais parte I
Oh, como recordo-me bem daquele dia, o nome dela era Maria e ela viria a me interrogar. E desde já como curiosa sempre fora veio a me perguntar: -"Derik menino, qual o motivo que tens para tanta alegria rapaz?". Prontamente lhe respondi: - "Oh, Maria. É a vida, e os dias que ela nos dá!" Maria: -"Não entendo ora bolas, porque da vida tu fazes este carnaval?". Com extrema dó e piedade de sua repugnância lhe disse: - "Oh, Maria, existe algo melhor que viver, que dançar, ou algo melhor que o amor? Mesmo que esse amor traga-te somente o bem, ou não lhe traga nada, minha querida. Se existe, passe a me mostrar!".
Ma ela, pobre coitada com seu jeito marrento, tosco e insensível, entortou a boca, envesgou os olhos e exalou um ar fêrvoro repleto de tédio! E tudo isso por eu a contrariar. Daí, voltei a lhe falar: - "Não é verdade Maria? Viver, amar e ser amada não é a melhor coisa que há?". E contrariando-me, Maria respondeu: - "Para mim não! Para que dançar, amar e ser amada, se só aparecem seres a nos usar?" Daí, lhe disse: - "Também não é assim, Maria!". "È assim, sim!" disse ela! Como sempre mantive minha civilidade e retornei-lhe a fala: - "Também não é assim Maria, não aparecem somente seres a nos usar. A vida que é a vida nos usa Maria, nos usa para construirmos a história das cidades, dos países, e até mesmo desses planetas, minha querida. E eu só estou tentando escrever e marcar a minha!"
Ela, como sempre me contrariando ou não aceitando ser contrariada, disse: - "Não exagere Derik! Assim como acho que não deves exagerar nesse teu modo de viver". Já quase entristecendo-me, pus a mão em minha testa que esquentava de intolerância e lhe disse: - "Ouça Maria, não deves achar nada de minha vida. Viver intensamente e verdadeiramente não se chama exagero caso não saibas!" Daí, entediada Maria resmungou: - "Tá, tá, tá. Está bem, eu sei que não! Mas retorno a lhe perguntar: “Qual o motivo que tens para tanta histeria?" Derik: - "Mas já não lhe respondi ,oh, displicente Maria?"Maria: - "Mas ainda não cheguei a entender-te. Porque tudo que me disseste parece mais com poesia!"
Carnavais parte II
Derik: - "Ouça Maria, sei que faltam alguns anos para concluirmos o século XXI, mas sei também que esse tempo passará rápido. Tão rápido, que nem nos daremos conta disso. E acho que por esse e outros motivos devemos comemorar, aproveitar esse tempo da melhor forma possível, e sendo feliz acima do que se intitula impossível!"
Daí, ela pôs o dedo indicador em seus lábios, com imensa dúvida no que havia lhe falado, e me perguntou: - "Derik, e o que isso tem a ver com a pergunta que lhe fiz?" Derik: - "È! Realmente não tem nada a ver. Mas quando vejo o tempo passar frente aos meus olhos dessa forma, não me conformo em ficar comportado. E penso em intensificar a cada vez mais os dias que me restam.
Penso em longevidade, e fico a me interrogar. Por um lado Maria, morrer novo é belo! As pessoas levam a imagem de você jovem, atraente e sem muita história para contar. E cheio de alegria que tinhas enquanto vivo.
Mas morrer mais velho também é belo! As mesmas levam a trajetória de sua vida na mente e no coração. E para mim é lindo vê-los tentando esconder as rugas, tentando fazer com que as pessoas vejam o seu externo como a melhor coisa que há. E isso é bobagem, Maria! O que realmente importa é seu caráter e sua dignidade. Às vezes Maria, se sua trajetória de vida é digna e marcante, as pessoas passam a admirar-lhe por isso. E em tais casos, seguem-te até como exemplo.
E é por esse, e outros motivos que ás vezes paro e penso em longevidade, mesmo nem sabendo seu vou ou não vivê-la. Falando em longevidade Maria , repare só, já me tornei até maior de idade. E pode até aumentar a minha tal alegria, na qual estávamos falando não é verdade?"
Maria: - "È! Aumenta sim. Mas também aumenta a responsabilidade". Derik: - "Eu sei Maria, eu sei que aumenta! Ah, Maria, queres saber? Se não entendeste tudo o que lhe disse, não vou voltar a lhe responder. Vou viver é com alegria, alegria e mais alegria, o que também deves fazer! Deixe de resumir sua vida a falar mal de quem não lhe fez exatamente nada, minha querida. Vá ser feliz mulher!
Chega de blá, blá, blá. De resmungado, chega de contrariar e sai pra lá com teu mal olhado.
Daí, pus a mão em seu rosto delicado e disse-lhe: - "Deixe de em tudo por o dedo do mal, creia dissimuladamente que o certo é ser feliz! Porque de graça fomos presenteados com o que chamamos de vida, com a filosofia de viver, a magia de existir. Acorda mulher, a vida é real!
Quem sabe viver vive Maria, e quem não sabe, aprecia o meu carnaval!
(Derik Fonseca)
O amor roeu / minhas unhas / meus dedos / sujos / de tintas.
O amor 'roeu'. Me roeu os dedos. Meu pés. O amor roeu meus dedos que sujos estão.
Os dedos do meu amor me corroeram, me doeram, arderam, espremeram, enforcaram.
O amor e suas unhas me amordaçaram. Me sujaram de amor e de cores, de outras dores.
O amor roeu minhas unhas, acariciou-me os cabelos. Enfadou-me, cativou-me. Me odeie.
Cessou-me com suas tintas, extintas n'um só amor que me roeu, ardeu, limpou-me.
Limpou-me, limpou-me, aparou-me, unhas desfeitas, tintas na parede, sede, o cede, fede.
"O amor roeu minhas unhas de dedos sujos de tinta". Aflita, extinta, minta, o amor roera.
(Derik Fonseca)
quinta-feira, 16 de junho de 2011
TRILHA SONORA DE DOCUMENTÁRIO CONTA COM DERIK FONSECA!
Derik Fonseca foi um dos artistas escolhidos para compor a trilha sonora do documentário 'AngulAÇÃO - Lutando por nossas origens'. Com direção de Marcos 3D; o ducumentário é uma síntese voltada para a cena local / atual do meio ambiente da cidade de Igarapé-açu / PA, cidade em que Derik reside. A música 'Igara' composta e lançada em 2009, também está focada para a história do meio ambiente e do antigo 'Rio-açu', que será o foco mais importante citado no documentário. Rio este, que deu origem ao nome da cidade de Igarapé-açu. Além de Derik Fonseca; artistas como banda 'Alpha 12, Hurra rock e Civilização reggae' participarão da trilha do documentário. Sendo que 'Igara' será a música 'cargo chefe' escolhida pelo próprio diretor. Confiram a canção composta por Derik no youtube.com/derikfonseca igara A canção ganhará uma nova 'roupagem' especialmente para o documentáio que será lançado no dia 26 de outubro de 2011.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
Minha casa
O que sou. Sim, eu sou!
O que sou está na sala, no sofá velho de minha casa, nos travesseiros que nunca compramos para ele. O que sou, está na fé calada, como o calar na mesa de decoração na sala com santos, flores velhas e artificiais, vasos antigos, fotos importantes e também antigas, muito antigas.
O que eu sou ou viera a ser é desamor? O que eu sou está na vertigem do amor de minha mãe que inebria-me, como ouvir Caetano. O que eu sou é renegar o amor. O que eu sou está no cheiro dos lençóis de meu pai, na rede, no quintal, na grama. Ah! E na mangueira.
O que eu sou é podar a mangueira, é perder os talheres, é desorganizar os pratos, é entrar em casa em silencio e andar na ponta dos pés.
Por favor, não me arranque á mangueira. Não me venda a casa.
O que eu sou está em casa, o que eu viera a ser está nas fotografias que em parte perderam-se sem nem angustiar-se em nossa saudade. Como elas tiveram sua importância. A alegria escancarada a cada vez que recordávamos ao revê-las hoje está na caixa de papel pobre e rasgada. Que diferença hoje o faria atirá-las para fora da janela?
O que eu sou está entre elas, que hoje velhas grudando umas as outras vão-se embora.
Sou a janela velha de meu quarto, que me protege da noite, do sol e do inverno, desde que era da antiga e baixa casa com telhas de pedra.
Sou as folhas secas do cajueiro, do mamoeiro e da velha mangueira. O que sou é ver a calçada rachando, esvaindo-se com o tempo. È tomar banho na calha quando a chuva nos visitara. Está chovendo! E tão pouco eu o faço, talvez só quando me debater a cama de saudade eu venha a fazê-lo.
O que sou! Sim, eu sou e sei o que sou.
Não ter mais lápis de cor, nem meus papéis de desenho, não colorir mais a casa. Sou os quadros que nunca vendi. O armário e a cama de madeira velha e forte de meus pais. Ah! Deixe-me no quintal, não posso esquecer o quintal e muito menos a mangueira. Ai, como amo a sombra desta mangueira, amo retê-la da janela velha de meu quarto.
O que sou é desobedecer meus pais, e não ser tão presente ao meu irmão apesar de nos amarmos.
Sim! Enfim o que sou. Sou a festa que nunca fizemos, sou nunca ter nascido mais alguém na família. Nunca termos tirado uma foto todos juntos. Sou o que enfim sou. Sentarmo-nos a frente da casa, atirando olhares tristes sobre o cair da tarde. O entristecer da noite.
Acho que o que sou, está nessa alegria de saber um alfabeto. Mas de não saber a política do meu português, e mesmo assim escrever algum resquício de palavra.
Sou a alegria de receber um elogio pelo que acho que faço bem.
O que eu sou é não saber fazer poesia, não instigar com o fardo do que eu quisera ser.
Mas ainda assim sou o que está na tinta, no papel sem pauta, na música, na ausência de meus lápis de cores e de um apontador.
Na divisão. Particularidade em resguardar-se ou não a mim mesmo. O que eu sou está em quase não saber traduzir-me.
O que sou, o que cedo sendo estou, ou viera a ser está nisto.
Em quase não saber traduzir-me.
Mas sim, minha família. Não! Não vendamos a casa, minha família, nem arranquemos a mangueira. O que sou está nela, em minha cama fria e em meu violão.
Ah! Chega. O que sou está dentro de minha casa.
(Derik Fonseca)
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Papel em branco
Eis-me um papel em braco
Na ansia com que nele ponho
No pôr de um nada.
Nos olhos de quem lê, nada suponho-os
Então porque?
Porque gastar a tinta da caneta afagada?
Traduzir a miúdos o que nada tenho a diser?
Porque não deixá-lo a palto?
...
Eis que estanco, meu pensamento manco
Eis-me ainda um papel em branco.
(Derik Fonseca)
http://twitter.com/#!/derik_fonseca
Na ansia com que nele ponho
No pôr de um nada.
Nos olhos de quem lê, nada suponho-os
Então porque?
Porque gastar a tinta da caneta afagada?
Traduzir a miúdos o que nada tenho a diser?
Porque não deixá-lo a palto?
...
Eis que estanco, meu pensamento manco
Eis-me ainda um papel em branco.
(Derik Fonseca)
http://twitter.com/#!/derik_fonseca
Devaneio de índio
"Eis, que cedo acordo. Com a manhã densa em névoa; e eu, ainda descrente do sonho mais vivo em que naveguei, onde criança eu enxerguei teus olhos presos a deriva, e um sorriso tão límpido em marfim. E o que bordarás de mim, sendo tão rio-corrente minha saliva? Tão exilado a este sonho estou! Por dizer assim.
Brincamos sob a areia areia suja, e eu pintava a casca do teu rosto com a argila pálida. Lhe deixando o mais belo e robusto dos índios. E sais correndo por entre os pés de capim e galhos de árvore, e ainda estufavas o peito, engatilhavas o grito e o arremeçava! Grito que compassadamente diluia-se nas cores infindas que não cabiam naquele dia. E torturavas a alegria da natureza que há em mim.
Vinhas ao meu encontro, ansiando transformar-me em teu elo. E acariciava-me o rosto, e eu me curvando a deitar em tuas mãos, acalentada por entre os dedos! E com o outro braço forte, negro que era a outra banda do pão envolvia-me ao manto do teu abraço. Onde por fim seria escaço! E ao meu choro tinha-o eterno, mas também exausto. Sendo assim, a primeira vez em que a palto senti o morno do teu corpo e tuas mãos grossas feito asfalto, com argila de mangue no olfato alí, eu só queria lhe ter.
Pós este fato, encontrava-me nos lençóis soados da segunda cama, e alguém sussurrando que me ama. Eram os olhos cheios de mar de um homem profano, que vinha para alçar os panos, e da natureza dos teus braços me tirar.
E tu, meu robusto e acácio jovem entras no quarto, não acendes a luz ... e o quarto plana em incerta escuridão, iluminado apenas sob a fresta mansa de luz da porta que não fechara; quebrando assim a luxúria estática. Lá fora o sol cobra-coral arde e dissolvia-se na cor dos teus rubros olhos que também serpente estavam.
Era o único dos sentidos em que eu ainda lhe tenho. Despido, rumo a ti clamando que sejas ainda meu acalanto e minha calmaria.
Mas ora, como eu sofria! Quando a porta infeliz tu abrias e se despedia com as dunas das costas.
A última das imagens que catálogava em postas, com os joelhos fincados como quem estivesse em rochas.
O quarto já iluminara. Frente a porta, o sol fervia-me as costas por entre os vidros da janela que por trás o vento entrava. E a última fatia de felicidade que me restara; se desperçara, quando por sobre mim os lençóis eu retirava. "È hora de acordar".
(Derik Fonseca)
Brincamos sob a areia areia suja, e eu pintava a casca do teu rosto com a argila pálida. Lhe deixando o mais belo e robusto dos índios. E sais correndo por entre os pés de capim e galhos de árvore, e ainda estufavas o peito, engatilhavas o grito e o arremeçava! Grito que compassadamente diluia-se nas cores infindas que não cabiam naquele dia. E torturavas a alegria da natureza que há em mim.
Vinhas ao meu encontro, ansiando transformar-me em teu elo. E acariciava-me o rosto, e eu me curvando a deitar em tuas mãos, acalentada por entre os dedos! E com o outro braço forte, negro que era a outra banda do pão envolvia-me ao manto do teu abraço. Onde por fim seria escaço! E ao meu choro tinha-o eterno, mas também exausto. Sendo assim, a primeira vez em que a palto senti o morno do teu corpo e tuas mãos grossas feito asfalto, com argila de mangue no olfato alí, eu só queria lhe ter.
Pós este fato, encontrava-me nos lençóis soados da segunda cama, e alguém sussurrando que me ama. Eram os olhos cheios de mar de um homem profano, que vinha para alçar os panos, e da natureza dos teus braços me tirar.
E tu, meu robusto e acácio jovem entras no quarto, não acendes a luz ... e o quarto plana em incerta escuridão, iluminado apenas sob a fresta mansa de luz da porta que não fechara; quebrando assim a luxúria estática. Lá fora o sol cobra-coral arde e dissolvia-se na cor dos teus rubros olhos que também serpente estavam.
Era o único dos sentidos em que eu ainda lhe tenho. Despido, rumo a ti clamando que sejas ainda meu acalanto e minha calmaria.
Mas ora, como eu sofria! Quando a porta infeliz tu abrias e se despedia com as dunas das costas.
A última das imagens que catálogava em postas, com os joelhos fincados como quem estivesse em rochas.
O quarto já iluminara. Frente a porta, o sol fervia-me as costas por entre os vidros da janela que por trás o vento entrava. E a última fatia de felicidade que me restara; se desperçara, quando por sobre mim os lençóis eu retirava. "È hora de acordar".
(Derik Fonseca)
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